escrito por @francfloyd e @Cassi_rod,
com colaboração de @HugoGloss
Estava eu, enrolado no gesso redutor de medidas, com meus óculos especiais, assistindo minha LED TV 3D, quando o "Torpedão Campeão", digo, Faustão aterrissou na minha frente com sua nova pele verde-amarelo-redução. Por um momento, pensei estar revendo "Alice no País das Maravilhas", de tão original que era o figurino. O contato imediato de terceira dimensão com aquela hecatombe fashion, além do susto, me fez lembrar que – sim, eu já sei! – estamos em véspera de Copa do Mundo.
Todos os holofotes estão virados para a África do Sul e, como tudo que reluz por lá, ou é diamante, ou é o sorriso de um Deus Ébano no escuro, já decidi: Zuma, estenda o tapete vermelho, porque Gloss está chegando.
O começo da minha relação com o futebol não foi nada passional. Lembro-me que na escola, nas aulas de educação física, tramava mais que vilã de novela mexicana para não participar do futebol. Inventava dor de cabeça, enrolava os pés com retalho, simulava ataques epiléticos, falsificava atestados médicos e, por fim, sem mais recursos e desculpas, disse que não poderia jogar porque estava com cólica menstrual. A partir desse dia, o professor desistiu e me deixou livre para brincar de peteca e queimada com as meninas.
Minha liberdade não durou muito. Vovô Destreza, que tinha o maior desgosto pelo meu atraso de macheza, pegou por missão transformar meu gloss em graxa. O sonho dele era que eu me tornasse mecânico. Vovô era, por assim dizer, um holligan do Agreste: fanático por futebol, alcoólatra e agressivo. A maior diversão dele era ir todo domingo para o Bar Ponto de Apoio. Lá ele se exibia para a dona abrindo garrafas com os únicos dois dentes que lhe restavam - daí o apelido, assistia a jogos de futebol, enchia a cara e ameaçava os outros clientes com Tânia, a peixerinha que sempre levava na cintura.
Desde pequeno vovô me oferecia cerveja com gelo, que ele tomava na leiteira de casa. Sempre beberiquei, mas jamais apreciei o sabor amargo da cevada. Dentre os incontáveis planos de vovô para me tornar hominho, estava me levar para assistir aos jogos da Copa do Mundo na super televisão 14 polegadas do Ponto de Apoio. Até hoje, quando falam em Copa, me vem à memória a imagem horrenda daquele bar, decorado com aquelas bandeirinhas de papel crepom, todas sujas de cocozinhos de mosquito e ensebadas com o óleo das frituras. E o cardápio? Se não era aprovado pela Vigilância Sanitária, muito menos o era pelo IBAMA. Uma verdadeira chacina ambiental: perninha de rã frita, farofa de tatu e cozidinho de veado. Minhas pernas tremiam quando eu lia o nome desse tira-gosto.
Eu sentia minha elegância ser estuprada e esquartejada por aquele ambiente hostil e inóspito. A única coisa que me alegrava eram os ovos rosa e o Guaraná Jesus. Achava chique. Fingia que era champagne rosé. Nos dias em que estava de bom humor, Vovô Destreza deixava eu comer um ovinho, mas nunca entendeu porque, antes de comê-lo, eu o lambia todo. Gostava do rosado que ficava em minha boca. Hoje continuo lambendo, por razões diferentes, é claro, mas não menos dignas. Os amigos de vovô logo começaram a caçoar de mim, diziam que eu só comia coisas rosadinhas. Para provar que eu era machinho, vovô me proibiu de beber refrigerante e comer ovo e me obrigou a beber pinga e comer torresmo.
Vocês não queiram saber o que é misturar Gloss com torresmo e cachaça. Gritei descontroladamente quando um jogador fez um gol impedido. Afinal, é ou não é baphônyko, num campo cheio de homens, quando um jogador consegue destacar sua beleza e suas coxas, correndo na frente dos outros? Não conseguia entender como aquele povo achava impedimento ruim. Para mim aquilo era inveja do jogador. Sempre quando eu via alguém correr sozinho lá na frente eu gritava: AHASA!
Foi também nesse dia que desmaiei ao ver a seleção da Itália enfileirada cantando o hino nacional. Quando acordei, estava com uma obstinação: eu tinha de P-O-S-S-U-I-R aqueles jogadores italianos, nem que fossem as figurinhas do álbum da copa. Mas como? Uni o útil ao agradável. Todo sábado os meninos da rua faziam Campeonato de Poeira: os camisas contra os sem camisas. Se eu fui lá com a intenção de participar? NOT! Me arrumei todo, lavei minhas Havaianas – pois sempre odiei chinelo encardido –, hidratei meus lábios com margarina, peguei minha personal capanga e alcei voo rumo ao terreno baldio. Os meninos simplesmente não me deram as figurinhas. Tive de pagar prendas para ganhá-las e a pior de todas foi calçar uma chuteira, entrar no jogo e ter de fazer um gol. Como não estava conseguindo, resolvi espalhar o meu Gloss. Fiquei plantado na frente do goleiro e quando vinha em minha direção algum fifi animadinho com a bola, ameaçava-lhe com uma bitoca. Os bofinhos sempre fugiam e eu, esperto, roubava a bola e tentava o gol, até o momento em que consegui e me libertei daquela prenda maldita. Chegando em casa, desenhei um coração de batom na parede e preguei todas as figurinhas. Mal consegui dormir naquela primeira noite.
A partir dali que evoluí e hoje, realmente, tenho paixão, não por futebol, mas por jogadores. Por isso posso dizer, DUNGA NÃO ERROU. Nós temos de ter a consciência que nem todo técnico de futebol é assim... uma Susana Werner: que tenha a visão de trocar um Ronaldo por um Júlio César. E uma seleção que tem Kaká, representante na terra da beleza angelical ungida, como diria nossa irmã Cleycianne, não precisa de mais nenhuma benção. Se me incomodo com a convocação de Grafite? Bem, se esse Grafite for ponta grossa, devidamente prensado pode dar um diamante artificial, o que já dá pro gasto, não é mesmo? Só fico sentido de o Ganso não ter ido. Já imaginou ele afogando as mágoas de uma derrota? Quanto ao resto da seleção, é tudo camarãozinho: a gente despreza a cabeça e come o corpinho. Você pode até ter alergia a crustáceos, mas não ao dinheiro! Há ryquezza entranhada em todos os poros de cada um dos convocados, não nos enganemos.
Enquanto eu estiver na África, por favor, me chamem de Hugo Mandela. Quero acabar com o apartheid, vou lutar pela fim da segregação dos times, quero todos juntos numa suruba multicultural. Quero montar a seleção glossificada, nem que para isso eu tenha que invadir vestiários, fazer safári nas concentrações e macumba na porta dos estádios. Não vou deixar a minha vuvuzela, toda trabalhada nos Swarovski by Camargo se calar enquanto não colocar Piqué e Ibramovic juntinhos num só time, que bata bolas sem dó nem piedade.
Nessa copa, vou reivindicar dos jogadores a dose de testosterona que a vida não me deu. Vou acabar com a minha subnutrição de amor. Vou me contaminar com o vírus da paixão. Vou consolar todas as seleções derrotadas. Vou admirar as coxas bem torneadas, os encontrões de corpos suados, as cuspidas viris nos gramados, as ajeitadas de mala e, principalmente, a hora das trocas de camisas. Porque a Copa não é boa somente para sair mais cedo do trabalho, fifis. Copa é um banquete de EROS, esperando boquinhas glossificadas como a minha e a sua para devorá-lo. Bon profit.
Tu é o máááááximo!!!
ResponderExcluirO luxo... a cara da ryquezza!!!
Definitivamente, Deus disse pra ti: Bee, desce e ahaza!!!
Beijos
É assim que uma mulher admira o futebol...sem tirar e pondo! haha-
ResponderExcluirIbrahimovic não vai pra copa
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÓtimotexto, bem escrito. Ironia sutil e poderosa.
ResponderExcluirHahahaha ADOREI!
ResponderExcluirBeijos!
Por isso é MEU MUSO MOR!! Amo demais seus comentários, tweets, ironias, alfinetadas. mesmo não sabendo quem vc é pessoalmente! Amo demais! Quero um curso intensivo!
ResponderExcluirMas esse guri tá inspirado!! Meu Deus! Oremos....Ri litros com teu texto. Muito Bom.
ResponderExcluirBjo.
KKKKKKKKKKKK AHAZOU COLEGA.....TO PASSANDO MAL DE TANTO RIR...CRIATIVIDADE HEIN....KKKKKKK
ResponderExcluirMuito bom! Você ahaza sempre! Amo você, lindo!
ResponderExcluirHAHAHAHA... Lembrei da minha infância, eu também não jogava nada, como não jogo atualmente, e por isso inventava mil desculpas pra professora. Eu só gostava mesmo quando era pra brincar no parquinho da escola, fora isso, o melhor momento era o da ducha com os amiguinhos de classe, haushausuash.
ResponderExcluirGente e o que poderia ser melhor que um texto de hughogloss.....?????
ResponderExcluirBruna Iannuzzi disse...
ResponderExcluirGente e o que poderia ser melhor que um texto de hughogloss.....?????
Eu respondo!
Seria transar com @HugoGloss! hahahaha
Luv ya!
@eduardu_ribeiro
HugoGloss ja deveria ser colunista, bophe escreve mto :P
ResponderExcluirA-D-O-R-E-I SEU TEXTO, QUASE SENTI UM CHEIRINHO DE TESTOSTERONA SÓ DE IMAGINAR ESSES BOPHES, QUE SORTE A SUA, SE DIVIRTA POR MIM, POR NÓS...
ResponderExcluirPiquè é vidaaaaaaaa!hahahah Adorei essa frase! =DD
ResponderExcluirO jean wyllys tem que ler isso...
ResponderExcluirjá mandou pra ele?
Piqué é um atentado ao pudor, isso sim!
ResponderExcluirTexto ótimo Gloss! Parabéns e continue escrevendo! Adogo!
ResponderExcluirHAHAHAHAA, não paro de rir! vc é o máximo!!!
ResponderExcluirGuaraná Jesus hahaha tbm adoro pela msm causa
ResponderExcluirEu SEMPRE observei mais as coxas dos jorgadores que o jogo em si. Nos anos 80, então (ai, entreguei a idade!), era melhor ainda, com aqueles shortinhos curtos com a lateral trespassada. Dava pra ver o pernão todo. Agora, com aquelas calçolas que eles usam, quase até o joelho, é bem mais difícil apreciar a natureza dos bofes.
ResponderExcluirNo mais, boa copa para nós, apreciadores de pernões!
Ahazou bee, escreva sempre, pois vc nos faz muito bem com suas ótimas tiradas!
ResponderExcluirtexto riquezzaaa.. puro glamour e glitter
ResponderExcluirnada me tira q gloss é a fepaesleme
ótimo!
ResponderExcluirASHUASAHSASUAHS me leva com você?
ResponderExcluirMuito tudo!!! Choruuuuu de ri contigo.
ResponderExcluirMeu Deus, já estou usando todas as suas gírias!!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkk
magaaaaaaaa vi lhaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirEu já pensava dessa maneira, intimamente, é claro! Mas você, meu caro, superou muuuuto meus acanhados pensamentos. Parabéns pelo belo texto.
ResponderExcluirE como você mesmo diz: AHAZOU!
Copiando a colega Camila que comentou antes de mim, já estou usando todas essas gírias.
Perfeito, já pensou em escrever um livro?
ResponderExcluirMe mata de tanto rir!
ResponderExcluirvc é a cara da ryqueza!
Acho chique!
bjs
Vejam o que meu namorado fez para mim:
ResponderExcluirEsta ai uma boa prova que ele me ama e não tenho medo de dizer em voz alta.
http://www.youtube.com/watch?v=VtsgW0DwSXs
amei!
ResponderExcluirUAU! Estou chorando glitter de tanto que ri com seu texto!
ResponderExcluirEsse eh o puro looosho e ryquezza que nos tanto amamos desse Hugo Gloss
Escreve um livro bi, se vai se dar super bem, sou a primeira da fila em Recife p/ comprar, qro tarde de autografos hein?!
Grande sacada [sem piadinhas] esse texto ! ADOOOOOREI o seu perigon literário !
ResponderExcluirSou sua fã!!!
ResponderExcluirSó posso dizer #eurialto
ResponderExcluirAdorei o texto! Christian Pior que me desculpe, mas o aluno superou o mestre.
ResponderExcluirParabéns!
Você superpoderia escrever um livro. Crônicas, por Hugo Gloss. Acho chique! =D
@jamilleferraro
=D
Fantástico o seu texto! Sou jornalista e estou até com uma pontinha de inveja (branca!) das suas palavras tão bem colocadas e cômicas na medida certa. Parabéns Gloss, sou sua fã!
ResponderExcluirhahahaha
ResponderExcluiramei o bom humor, o tom de graça nas palavras..
sem contar que ao começar a ler não dá vontade de parar..
muito bom :B
Maravilhoso!!! ;*
ResponderExcluirCara estou triste por não ter descoberto esse blog antes, é muito legal! Ri demais com seus posts, pelo menos os que eu li até agora, vou voltar sempre para terminar de ler os outro! Vc arrasa Glossito!!
ResponderExcluirPoder!
ResponderExcluirAdoreeeeeei!
Muuuito bom
parabens
ahaaaaza