segunda-feira

Atenção: antes de entrar, verifique se o mesmo encontra-se neste andar



Texto escrito por francfloyd

2012. Duvido mesmo que o mundo vá acabar, mas acredito mesmo que as pessoas estão acabando com o mundo. Breguice e mesmice são os dois piores males da humanidade. Breguice: tédio de se parecer com o que já foi moda. Mesmice: tédio de se parecer com alguém que já foi original. Ser original é sempre moda. Mas ultimamente a moda é ser igual. Embarcamos no elevador da mesmice. Subimos e descemos, mas no fim do dia sempre terminamos no andar térreo da mediocridade.

Dormimos e acordamos deslizando nossos dedos no vazio de uma tela “touchscreen”. 140 caracteres se tornaram espaço demais para termos ideias próprias. Repetimos “memes”, balbuciamos memes-mices para, momentaneamente, fazermos parte do nada. Esta é a Era Digital. A era em que deixamos nada mais do que as digitais gordurosas nas telas dos “smartphones”.

Nossos heróis morreram, mas só a Amy de overdose. O que restou é uma overdose de si mesmo. Madonna, a rainha do pop, está em turnê, na sua batalha periódica e desesperada para a reconquista do seu trono imaginário, também conhecido como juventude. Lady Gaga, depois de usar todas as roupas possíveis e impossíveis, resolveu inovar e cantar nua, tão original quanto um recém-nascido chorando por leite na maternidade. Madonna alega ser plágio e insiste ter inventado o nu.

Somos patrulhados pelo exército de celebridades. Antes nos preocupávamos com o que eles faziam, hoje o maior trabalho deles é preocupar-se com o que falamos sobre eles nas redes sociais. Seus egos estão hipersensibilizados, não aceitam nada menos que os mesmos elogios de sempre. Afinal de contas, melhor ter o ego massageado por um elogio genérico do que o orgulho ferido por uma crítica um pouco ácida. Nos tornamos diplomatas da mediocridade. O salário? Um reply ou um RT do nosso ídolo.

Obama, ganhador do prêmio Nobel da paz, nos garantiu que, depois de ter matado Bin Laden, poderíamos dormir de conchinha tranquilos. Que nada, vivemos um momento de terror. Agora, não só pseudocelebridades, mas também blogueiros e personagens do Twitter podem livremente (nos) atacar de DJ. Terroristas da audição alheia, nossos tímpanos são bombardeados com as mesmas playlists todo sábado a noite.

Não só a Sandy, mas todos nós, estamos com os pés cansados.

Amados, eu, Hugo Gloss, odeio intelectualoides. Mas, a Náusea deste “sobe e desce”, no elevador da mesmice, me levou para o porão da existência humana e lá conheci Sartre: “Estou sozinho no meio dessas pessoas felizes e razoáveis. Todos esses seres gastam seu tempo explicando e percebendo, felizes, que uns concordam com os outros. Puta que pariu! Por que diabos é tão importante que todos nós, juntos, pensemos exatamente as mesmas coisas?” (tradução não muito literal)

2012 é o ano em que o mundo não vai acabar e que vamos ter de reaprender a ser nós mesmos. Aceite este desafio: seja você mesmo, mas resista à tentação de entrar no mesmo. Pule da janela.

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